A caixa de desserventia

13_A caixa de desserventiaFILORDI, Alexandre. A caixa de desserventia. Campinas: Edições Leitura Crítica, 2015. 63 páginas.

ISBN – 978-85-64440-24-1

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13_A caixa de desserventiaFILORDI, Alexandre. A caixa de desserventia. Campinas: Edições Leitura Crítica, 2015. 63 páginas.

ISBN – 978-85-64440-24-1

Descrição

“O poema se escreve no presente, e o presente está no corpo: esse é o único instante em que olhar não quer dizer julgar, interpretar, interpelar, compreender; trata-se da única vez em que escutar quer dizer deixar passar, ceder um a um os sons do até então ausente. E a pele recebe, sem transformar uma sensação em sentimento, paixão em paisagem, padecimento em sofrimento. Ao abrir a poesia, algo se encontra.

Philippe Jaccottet escreve “Não queria pousar já, nem voar na velocidade do tempo; apenas desejo acreditar, por um instante, que a minha espera é imóvel, quieta”. Se é mesmo possível crer na poesia que está no presente como único tempo, então restará apenas uma forma de conjugá-la: o gerúndio – estar percebendo, estar sendo, estar escrevendo –, e deixar de estar, como esses pássaros que passam de ramo em ramo à espera de uma luz distinta e efêmera.

Uma poesia é como um caracol na parede, que sobe ou desce lentamente, e que cria um rastro de sons apenas audíveis em uma travessia irregular e desatenta; uma poesia que ao invés de gritar, nos recorda aquilo que nunca deveríamos ter perdido de vista: a infância da atenção, do corpo, do tempo, da linguagem.” (Carlos Skliar, na apresentação)

Miserere

Um poema é a prova de fogo engolido, um martelar bigornado na cabeça, males de enxaquecas incuráveis;/ é rima de torturas inacabáveis que na ossatura da beleza,
quem lê, ignora a dor encarnada; Um poema é nudez abalada,/vulnerabilidade de tartaruga sem casco, de peixe sem água e de bicho sem ar,/ é um tremular insano aparentemente organizado em sentido,/ mas é dizer sem ser dito,/ é dito de dizer que não se diz de plena mente;/ Um poema busca um olhar condescendente,/ mesmo que de soslaio/ da miséria que só o poeta sabe que tem.

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